segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Histórias de gente branca

E tudo parecia intencionar uma tranqüilidade que não se expressava nas mãos suadas, já amassadas que amassavam o lenço fino. O dom do trabalho pendurado nas paredes brancas se mostrava em rápidos textos e curtas assinaturas; a mesa limpa; o chão branco que insistia em transformar o forte cheiro do dentista em uma paz que não existia ali. Ela tremia dos pés a cabeça. Não se sabia se temerosa aos finos e afiados penduricalhos da bancada de procedimento ou se a sensação de que a dor que sentia até então fosse lhe custar uma úlcera ácida no fundo do bolso. Ela tremia.

Ao se aproximar o valente cavalheiro, vestido de branco e escondido por de trás de uma misteriosa máscara clara, vestiu suas luvas como se preparasse para uma batalha. Ela tremia. “Dr. Quanto custa pra distrair o dente?” Sabido da sua missão de distrair aquele que à mulher causava dor, o homem de branco entendeu que às vezes pra distrair a dor é preciso um bocado de sangue.

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