quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sentado em um café qualquer, nem tão ensolarado, ao sentir o cheiro frio que cruzava a esquina tomou o cardápio. O homem entendeu que só ama. E pela primeira vez sentia-se razão no coração e pensava-se emoção.

domingo, 14 de agosto de 2011

Me diz quais carinhos me levam até você?
Eu já estava lá, diante os pinheiros, em frente a placa amarela
Da ultima curva da estrada
E me perdi diante o azul que se estendia na minha frente.
Então me diz quais os vestidos, quais os destinos
dependurados ao sol eu devo usar quando for te encontrar.
Eu que pintada de claridade, deitei sobre o asfalto escuro
me deixei levar pelas tuas trilhas, profundas e florais
Estou parada, a beira da estrada esperando você passar
Pra me dizer, quais caminhos me levam até você?
Me diz quais caminhos me levam até você?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

que seja justo os ouvidos dos que ouvem as preces
dos injustiçados
e que na pressa de uma breve fé
esteja cravado em carvalho a lealdade de um amor infinito

terça-feira, 12 de julho de 2011

O bêbado

E o homem abraçou-se a si mesmo
Deitou a cabeça sobre o descanso do dia
E fez sua travessia.
Quando num outro portão
Abriu os olhos e percebeu
Que estava aos pés de si
e em si procurava
O último bilhete...
Mastigou a noite passada sobre a língua seca
Esfregou a áspera barba mal feita
E numa desfeita com seu leito
Partiu para o próximo deleite
Cambaleando carente para seu próximo abraço.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

"Sing it for the world"

Mas como?
Como cantar ao mundo
o que você próprio não ouve
quando as palavras, letras e notas
não encontram o som preciso pra cantar
aquilo que se sente.
E isso tudo fica preso
essa alegria que chega doer
é uníssono com essa angústia sem melodia.
Não há sinfonia que explique a sensação
de sentir algo insensível.
Cantar ao mundo, para os homens e as mulheres
cantar até enlouquecer aquilo que te aperta o peito
botar pra fora esse peso, essa passagem, essa vida.
Isso não deveria soar como tristeza
e me desculpem se os faço chorar
mas, é que um sentimento quando é insensível
dói como se fosse a primeira dor da vida.
Não tem explicação. Não tem razão. Não tem origem.
Só queria que fosse possível
que tudo se acabasse numa simples canção.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

O tempero de quê?

Eu diria que teria sido em Istambul, pela sua cor amarela, pelo seu cheiro de cravo pela poesia, mas não...

Eu conheci um homem que tinha, entre suas predileções, no toque dos dedos o sabor de todos os cheiros, conhecia através da textura de um tempero o solo de um país distante e o gosto de toda a gente que lá vivia. E ele me ensinou coisas sobre o tempero que damos às comidas, e a forma como se deve saborear a vida. Disse, assim como quem prepara uma fatia de pão para dar a um amigo, que através de petiscos e pequenas refinarias culinárias, que tudo se inicia por uma bela e saborosa entrada, que ao se convidar o paladar de alguém para palavriar sabores oferecemos pelo leite e pelo o açúcar, pela mãe e pela mão, pelo o amor e pela flor, um charmoso sorriso indecente da vida; é na entrada de uma refeição que proporcionamos e preparamos a língua para experimentar os sabores, calores e texturas de uma bem temperada refeição principal, como qual uma viagem, o antepasto seria o desejo de viver uma aventura inexplicável.

E no continuo movimento dos talhares, adentraríamos às pratas maiores para consumir a infinidade de temperos, odores e dores de tudo aquilo que envolve uma longa e complexa refeição, com seus grãos, com seus molhos, exageros e aguçadores sentidos. A refeição principal seria o beijo molhado pela boca adoçada pelo leite e pelo açúcar, reinventados na mãe e no amor, na mão e na flor.

E quando satisfeito, quando o corpo pede um descanso pra tanta gastronomia, quando os barulhos naturais daquilo que passou e continua passando em movimentos necessários para a vida, a sobremesa se serviria como se quisesse ensurdecê-lo, como se te conquistasse a boca, tranqüilizasse o corpo e te fechasse os olhos num prazer momentaneamente infinito... o descanso dos deuses, um manjar de coco.

Eu diria que teria sido em Istambul, na Itália, em Portugal ou no Brasil... mas a comida que me servem passa por dentro de mim. E hoje eu sou o leite das tuas bocas, sou o resquício dos teus aperitivos, almoço e janta passada, o contínuo caminho peristáltico da vida “não olhe pra trás” disse-me esse homem. Não olhe mesmo e não se esqueça de falar dos próximos países que irá visitar... O sabor inexplicável do universo é o sentido maior, mas para tal precisará entender que pimenta, cravo, canela fazem parte do tempero que dará o dom e o sal para sua e só sua Receita Fundamental. Bom apetite!

sábado, 2 de abril de 2011

Aula de Poesia

O jardineiro diante a terra batida
abateu-se com a falta de chuva...

O jardineiro veste sua roupa de sempre
afofa aquela sujeira natural
molha, planta e espera...

Ao nascer final da flor
no toque de sua recolhida
às mãos está a essência da beleza

Sinta.

Das letras estão o perfume, o toque e a cor
deixe os dedos para as mãos do jardineiro.

segunda-feira, 21 de março de 2011

de carro

Vamos lá...
senta. fecha. trava. liga. primeira.
tenta. afoga. xinga. liga. primeira.
segunda. terceira. quarta. quinta.
conversa. canta. conversa. silêncio.
árvore. boi. p..... buraco. xinga. esquece.
nuvem. verde. trilho de trem. po.... barbeiro. xinga. esquece.
sol. luz. gente simples. poe... ultrapassa. esquece.
vento. caminhos. planícies. poes.. pedágio. esquece.
lembranças. tempo. carinho. poesi. cheguei.

Eh! saudade do tempo que eu tinha tempo
pra viajar...