quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Crônica do que termina mas não se vai

Era uma quinta-feira tranquila, o céu estava azul e o sol estava quentinho, desejando bom dia àqueles que lhe sentiam. Foi quando de repente, em meio ao silêncio barulhento das maritacas, que uma ambulância cruza o estacionamento abaixo da minha janela do quarto, pedindo passagem aos carros estacionados, pois precisava socorrer alguém. Surpresa a minha que essa pessoa era uma senhora do meu bloco. Assim se deu a cena, uma ambulância que já preparava todos os aparelhos insistidores de vida, bombeiros desamarrando escadas e pés-de-cabra e mulheres histéricas que ecoavam em um pranto, talvez de fato humano, o desespero por uma senhora que até então não havia dado sinal de vida, não havia aberto as janelas e não atendia nem à porta nem ao interfone. Ela estava morta.
Após muita discussão e estratégias traçadas para que se decidisse a forma de socorre aquela senhora, agora companheira do inevitável fato da vida, um último contato foi tentado. Se fosse meia noite e a lua estivesse coberta por nuvens, esse seria um cenário de história de terror, mas não, era uma quinta-feira de manhã e tal qual a tranquilidade com que ela se iniciara, a senhora atendeu a porta de camisola e com cara de sono apenas disse: bom dia!

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