terça-feira, 3 de agosto de 2010
A civil
Há uma esquina...
Enquanto eu espero
que a chuva pare de cair
há sempre uma esquina
que não pára e insiste em me olhar.
São pedras pequenas,
águas que correm
sujeiras,
folhas,
luzes no céu
e uma esquina
que não pára e insiste em me olhar.
Há uma esquina...
está sempre molhada
após as chuvas quentes
e seguindo seu bailar ondulado
o óbvio de se ser molhado
escurece sempre
quando não sinto
e assim persisto em não enxergar.
Há uma esquina,
que se molha quando chove,
que escurece quando não há luz
que endurece quando me seca a boca.
Por ser assim, tão feito de lascas
tão sujo, tão chão
a esquina consegue
sempre seguir seu caminho
...um vizinho
...um quarteirão
...um bairro
...um universo
Dos mijos de cachorros,
dos vômitos dos embriagados,
do gozo dos despreocupados,
do passar despercebido do meio dia
ao pisar medroso da meia noite
mesmo que sempre tão óbvia,
molhada, dura, suja
numa esquina.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário